Longa ‘Amores Materialistas’ reflete sobre hipergamia e destaca perfil masculino idealizado por 36% das mulheres no Brasil, segundo pesquisa nacional
No recém-lançado Amores Materialistas, a personagem Lucy (Dakota Johnson) acorda na cobertura de seu novo namorado, Harry (Pedro Pascal), e dispara: “Qual a viagem dos seus sonhos?”. A pergunta, simples à primeira vista, se torna simbólica ao longo do filme, que mergulha nos dilemas e expectativas dos relacionamentos modernos – em especial, aqueles que envolvem o chamado relacionamento Sugar, em que status social e segurança financeira têm papel central.
Harry, empresário bem-sucedido, gentil, emocionalmente estável e milionário, é descrito na trama como um “unicórnio” – o homem ideal que reúne tudo o que a maioria das mulheres deseja em um parceiro. E os números comprovam: uma pesquisa do site MeuPatrocínio, em parceria com o Instituto QualiBest, revela que 36% das brasileiras entre 18 e 29 anos têm interesse em relacionamentos com homens mais ricos, prática conhecida como hipergamia.
O fenômeno, que já movimenta o universo dos aplicativos e sites de relacionamento, ganha nova camada de discussão ao ser representado nas telonas por uma protagonista que trabalha justamente como casamenteira – e que, ao montar o par ideal para outras mulheres, percebe o quanto também deseja o mesmo para si.
Gentileza em primeiro lugar (mas com dinheiro no bolso)
Segundo o estudo citado no filme, as características mais desejadas por mulheres jovens brasileiras incluem:
Gentileza – 42% escolheram como prioridade;
Segurança emocional – 20% dos votos;
Estabilidade financeira – 7% como primeira escolha, mas aparece somando 39% ao considerar as três posições.
“Há uma valorização do parceiro emocionalmente estável, respeitoso, gentil, mas também capaz de oferecer conforto e segurança”, explica Caio Bittencourt, especialista do MeuPatrocínio. “Para muitas mulheres, essa combinação representa não só a realização de um sonho romântico, mas também uma estratégia de vida”.
O especialista destaca ainda um dado que reforça essa percepção: 57% dos divórcios no Brasil ocorrem por dificuldades financeiras.
Amor moderno ou puro interesse?
A discussão proposta por Amores Materialistas não se resume à busca por um parceiro rico, mas abre espaço para reflexões mais amplas sobre como as relações afetivas têm se adaptado às realidades do século XXI. Em um mundo onde aplicativos de namoro, redes sociais e novas formas de conexão dominam o cenário, o filme propõe uma pergunta incômoda e atual: o que as mulheres realmente buscam em um relacionamento – e por quê?
A julgar pelos dados, o famoso “príncipe encantado” mudou de cara – agora veste terno de grife, dirige carros de luxo e entende a importância de ouvir e apoiar. Mas, para muitas mulheres, a essência do desejo continua a mesma: sentir-se valorizada.