MC Poze do Rodo é preso por apologia ao crime e suspeita de envolvimento com tráfico; carro de R$ 1 milhão e itens de luxo são apreendidos

Funkeiro foi detido no Recreio dos Bandeirantes nesta quinta-feira (29); Polícia apreendeu BMW X6, joias de quase R$ 2 milhões e investiga possível irregularidade em veículo

O cantor MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto, foi preso temporariamente na manhã desta quinta-feira (29), em uma ação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A prisão ocorreu no condomínio de luxo onde o artista mora, no bairro Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Poze é investigado por apologia ao crime e ligação com o tráfico de drogas.

Durante a operação, os agentes apreenderam bens de alto valor, incluindo uma BMW X6 vermelha, avaliada em mais de R$ 1 milhão, e que, segundo a polícia, apresenta uma irregularidade no registro: o veículo consta como preto no Renavam, mas está pintado de vermelho. A BMW foi levada para a Cidade da Polícia, onde passará por perícia.

Além do carro de luxo, a polícia também relembrou uma apreensão anterior, feita em novembro de 2024, quando 21 joias de Poze foram confiscadas. As peças, muitas de ouro e cravejadas de diamantes, somavam quase 5 quilos e estavam avaliadas em aproximadamente R$ 1,9 milhão. Na época, a apreensão fez parte de uma investigação contra esquemas de sorteios de rifas ilegais promovidas por influenciadores nas redes sociais.

Em abril deste ano, MC Poze conseguiu reaver as joias por meio de uma decisão judicial. Ao receber os itens de volta, chegou a publicar fotos nas redes sociais em que aparece com cordões, anéis e outras peças, dizendo:

“Eu só quero o que é meu, e o que Deus generosamente me dá”.

“Isso é perseguição”, diz Poze

Ao ser transferido da Cidade da Polícia nesta quinta-feira, o cantor afirmou que sua prisão é uma injustiça:

“Isso é perseguição, mané. Cara de pau, isso aí é perseguição. É indício, mas não tem prova com nada. Manda provar aí.”

MC Poze também criticou a atuação da polícia, dizendo que os agentes deveriam “ir atrás dos criminosos e dos traficantes que estão nas comunidades, não dele”.

Ao chegar à Cidade da Polícia, Poze se recusou a prestar declarações formais, mas manifestou incômodo por estar algemado. Foi levado descalço, sem camisa e com as mãos imobilizadas. Na saída, já usava camisa e chinelos, mas continuava algemado.

Audiência de custódia e defesa

Após a detenção, o funkeiro foi encaminhado à Polinter e, de lá, seguirá para uma audiência de custódia em Benfica, onde a Justiça decidirá se ele permanece preso ou será liberado.

O advogado de Poze, Fernando Henrique Cardoso Neves, afirmou em entrevista ao g1 que a prisão se baseia em acusações antigas, sem elementos novos:

“Queremos entender o motivo dessa nova prisão. Essa é uma narrativa já antiga. Se ele não for liberado, vamos entrar com um habeas corpus.”

Nota oficial: “MC não é bandido”

Pouco depois da prisão, a equipe do cantor publicou uma nota nas redes sociais com o título:

“MC não é bandido”

A publicação busca reforçar a posição de inocência do funkeiro, que é uma figura popular principalmente entre os jovens e acumula milhões de seguidores nas redes sociais.

Histórico e polêmicas

MC Poze do Rodo já esteve no centro de outras polêmicas, muitas delas envolvendo o conteúdo de suas músicas e o estilo de vida ostentado publicamente. Nas redes, é comum vê-lo usando joias, carros de luxo e exibindo sua rotina com festas e shows lotados. Em algumas de suas letras e publicações, críticos afirmam haver glamourização do crime, o que é usado como base para parte das investigações.

Apesar disso, o artista também é visto como símbolo de ascensão social para muitos jovens da periferia e já usou sua plataforma para comentar questões sociais e raciais. A prisão desta quinta-feira reacende o debate sobre os limites entre liberdade artística e apologia ao crime.

O que diz a lei?

Apologia ao crime está prevista no Artigo 287 do Código Penal Brasileiro, e consiste em “fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime”. A pena prevista é de detenção de 3 a 6 meses ou multa. Já o envolvimento com o tráfico de drogas, caso comprovado, se enquadra na Lei de Drogas (11.343/2006), com penas que podem ultrapassar 15 anos de reclusão.

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